Quando éramos pequenos, ouvíamos histórias em que o príncipe derrotava um dragão para salvar a princesa, ou relatos de dragões que cuspiam fogo e voavam no céu, com as suas asas tão grandes que quase conseguiam tapar o sol. Mas alguma vez se perguntou, o que eram os dragões e como é que estes contos surgiram?

Entre as várias lendas e mitos, é inegável que os dragões conquistaram um lugar único nos relatos mitológicos de diversas culturas em todo o mundo. Os mitos e lendas de todo o mundo mencionam os dragões míticos como figuras simbólicas ou como seres divinos com poderes sobrenaturais.

Coincidentemente, apesar de as tradições míticas terem crescido de forma diferente em várias regiões, sem grande influência de outras comunidades, há uma semelhança notável entre os diferentes relatos de dragões míticos. Os dragões são mencionados como deuses, demónios ou mesmo personificações nacionais, e o contraste depende de regiões e civilizações variadas em todo o mundo.

Neste artigo, vamos falar de nove dragões míticos bem conhecidos e dos seus factos e descrições. Também vamos abordar o que são os dragões e a origem destes mitos sobre dragões.

Visão geral dos dragões

O termo "Dragão" tem origem na palavra latina "draconem", que deriva da palavra grega "drakon", que significa "serpente" enorme ou "peixe marinho gigante". Outra possível origem do termo pode ser a palavra grega "derkomai", que significa "um olhar mortal", que os dragões naturalmente exibiam.

De um modo geral, podemos descrever um dragão como uma forma de serpente com uma natureza temível e com alguns traços de carácter como voar, cuspir fogo ou utilizar poderes elementares. Em várias culturas, os dragões eram vistos como semideuses afiados e inteligentes ou como extraordinariamente temíveis e difíceis de matar.

As crenças de uma região foram influenciadas principalmente pela localização geográfica. A cultura ocidental via os dragões como bestas maléficas que significavam o caos e a morte. Os dragões também foram descritos como vivendo em locais perigosos para explorar. Em alguns contos míticos, os nativos imaginavam que os dragões guardavam cavernas cheias de riquezas ou tesouros.

No entanto, nas culturas orientais, as pessoas viam os dragões como criaturas conhecedoras que tinham controlo sobre as forças elementares da natureza, como o vento e a água, e acreditavam que eram criaturas poderosas e benevolentes que podiam afastar o mal.

Origem dos mitos do dragão

Existem inúmeras teorias sobre a origem dos mitos do dragão, sendo as mais fiáveis inspiradas em criaturas existentes, em formas de vida por descobrir e em restos fósseis. Vamos discutir estes pontos com mais pormenor.

Mitos de dragões baseados em criaturas existentes

Comparada com todas as outras teorias sobre a origem dos mitos dos dragões, esta teoria pode ser facilmente explicada. Muitos animais ferozes, como cobras, enguias ou lagartos-monitores, prosperavam durante esses tempos, e as pessoas podem tê-los representado como dragões. Por exemplo, em histórias como "Thakane, A Princesa Caçadora de Dragões", o animal retratado como dragão partilhava características semelhantes às de um crocodilo.

Mitos de dragões baseados em restos fósseis

É possível que os povos das civilizações antigas tenham descoberto os restos fósseis de dinossauros e de outros animais pré-históricos e tenham usado a sua imaginação para criar mitos e contos de dragões. Esta é uma teoria popular, uma vez que muitos fósseis foram descobertos nas mesmas áreas onde estes mitos foram anteriormente formados.

Mitos do dragão inspirados na religião

Há uma excelente hipótese de os mitos do dragão serem inspirados na religião. Falemos de Vritra, a serpente que representa a seca nos textos arianos. Podemos ver a manutenção da antiga mitologia védica, onde o Deus da chuva e do trovão, Indra, derrota o Ashura, mencionando a possibilidade de Vritra ser um dragão.

Além disso, um dos mitos mais populares que sobreviveu até aos nossos dias é a história de Javé e da sua batalha contra o semideus dragão Leviatã.

Mitos do dragão inspirados no medo

Por último, é muito provável que o medo e os instintos primordiais dos povos antigos tenham inspirado estes mitos. É sabido que os seres humanos estão sujeitos a instintos de medo em relação a cobras ou répteis de aspeto assustador.

Este ponto, combinado com os locais onde se dizia que os dragões existiam, como oceanos, cavernas ou outros locais raramente visitados, sugere que os povos nativos podem ter criado estes contos para pregar cautela.

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Os 9 Dragões Míticos

Agora que já temos uma ideia clara sobre os dragões e como surgiram os mitos, vamos dar uma vista de olhos a nove dos dragões míticos mais populares.

#1. longo

O dragão chinês, popularmente designado por "Long" ou "Lung", faz parte integrante da mitologia chinesa e é também conhecido como Dragão Oriental. Foi representado como uma criatura comprida, semelhante a uma cobra, com quatro patas e um símbolo antigo que indica poder, força, prosperidade e boa sorte.

Na cultura chinesa, os dragões são considerados seres sábios e superinteligentes, sendo venerados ao ponto de o dragão representar o poder imperial durante muitas dinastias da China.

Os dragões chineses têm um aspeto físico muito detalhado. Para além das características já referidas, têm cabeça de cavalo, camelo ou crocodilo, garras, bigodes, olhos demoníacos e patas semelhantes às do tigre. Além disso, os dragões possuíam uma protuberância conhecida como "Chimu", que lhes permitia voar.

De acordo com os mitos, os dragões chineses podem controlar a água e o clima e são a principal razão para a ocorrência de tempestades e inundações. Além disso, são os governantes das massas de água em movimento, como rios ou mares.

Curiosamente, nos tempos antigos, as aldeias chinesas juntavam-se durante as secas e inundações e realizavam rituais para apaziguar os dragões e acabar com o perigo natural.

Quetzalcoatl #2.

O Quetzalcoatl ou Kukulkan significava "a Serpente Emplumada" na língua Nahuatl e foi adorado por diferentes culturas mesoamericanas antigas, como os Maias, os Toltecas e os Aztecas, durante mais de um milénio.

O Quetzalcoatl tinha duas formas, das quais a principal era a de uma serpente emplumada capaz de voar e com uma rica plumagem na cabeça e no corpo. Este dragão também era capaz de se transformar em humano. As características variavam de acordo com as diferentes culturas, mas geralmente incluíam um bico vermelho, um toucado com plumas e jóias de conchas.

O Quetzalcoatl era venerado como o Deus da criação, procriador da estrela da manhã e da estrela da tarde, e protetor dos artesãos. O dragão era também referido como o Deus dos elementais e muitas vezes chamado o fazedor de chuva, o soprador de vento e o portador do fogo.

Alguns mitos afirmam que os Maias e os Aztecas temiam os eclipses solares, pois, segundo eles, a serpente terrestre engoliu o grande Quetzalcoatl, provocando assim um eclipse. Acredita-se que Quetzalcoatl e os outros deuses deram vida à humanidade derramando o seu sangue, e a dívida tinha de ser paga com sacrifícios humanos.

#3. Mushussu

O Mushussu ou Sirrush era um antigo dragão que se acreditava viver na região da Mesopotâmia e que se pensava ser um assistente dos Deuses. As características deste dragão, tal como descritas nos mitos, eram as de um animal escamoso com cabeça em forma de chifre, pescoço e cauda compridos, corpo de peixe, língua em forma de serpente e crista, membros anteriores de leão e posteriores de águia.

Esta criatura foi prevista para viver nos palácios da Babilónia e morreu às mãos do profeta bíblico Daniel.

Nesta história, os sacerdotes babilónicos acompanharam Daniel ao templo de Bel e mostraram-lhe o dragão, que era Mushussu. Devido a um conflito religioso, os sacerdotes desafiaram Daniel para um duelo entre ele, protegido pelo seu Deus invisível, Javé, e o seu Deus vivo, Mushussu.

O profeta acabou por sair vitorioso depois de ter envenenado o dragão e, finalmente, provocado a sua morte. Esta fábula é um dos mais famosos mitos sobre dragões desde tempos imemoriais.

Apophis #4.

Apófis era um ser espiritual poderoso e temido, a maior encarnação do caos e da escuridão, o maior inimigo de Rá, o Deus-Sol, e um dos símbolos mais importantes da mitologia egípcia. Apófis também era conhecido como Apep, que significa "Serpente do Nilo", "Dragão do Mal" e "Senhor do Caos".

Os antigos mitos egípcios diziam que a serpente maciça tinha cerca de 15 metros de comprimento e a sua cabeça era feita de sílex. O seu rugido aterrador fazia tremer o mundo subterrâneo e o seu movimento provocava terramotos.

Os mitos também referiam as batalhas diárias travadas entre Rá e Apep. Considerava-se que o pôr do sol à noite e o nascer da manhã significavam o momento em que Rá devia descer ao submundo e combater a enorme serpente para proteger o povo egípcio.

Os antigos egípcios também praticavam rituais para ajudar Rá a vencer a batalha contra Apófis, que impedia Rá de trazer o amanhecer. Os egípcios acreditavam que se, de alguma forma, Apófis ganhasse a vitória sobre Rá, isso levaria ao fim do mundo.

#5. Vritra

Mencionado nos antigos textos védicos arianos, Vritra, também conhecido por Ahi, era um Ashura (um espírito maléfico que procurava o domínio e o poder) com a forma de um dragão serpentino. Vritra personificava as secas e era responsável por restringir e bloquear o fluxo dos cursos dos rios. Era o adversário de Indra, o Deus da chuva e das trovoadas e o rei do céu, que o destruiu heroicamente e à suaforças enganadoras.

No final, teve lugar uma batalha intensa e épica entre Indra e Vritra, onde Indra destruiu com sucesso todas as 99 fortalezas da serpente e matou a serpente partindo-lhe a mandíbula em duas. Indra gerou este poder considerável a partir de uma bebida encantada conhecida como "Soma raas". Após a derrota de Vritra, todos os rios foram libertados e o fluxo constante de água foi restaurado.

#Druk

Descrito principalmente na mitologia tibetana e dos Himalaias, o dragão do trovão, também conhecido como Druk, era uma criatura serpentina que segurava um globo e que se acreditava viver em áreas remotas do Monte Evereste. Diz-se que trazia tempestades e sol para os povos tibetano e butanês.

O Druk é também a personificação nacional da escultura de Buda, da mitologia e da monarquia. O drake do trovão pode ser visto de forma proeminente na bandeira do Butão e durante o hino nacional conhecido como Druk Tsendhen.

A nação de Dzongkha, que os Himalaias rodeiam, é conhecida como Druk Yul, ou "a terra de Druk". No Tibete, os líderes usam o título de "Druk Gyalpo" ou "Reis Dragões do Trovão", inspirado no dragão mítico.

#Leviatã

As lendas e os mitos cristãos falam-nos do Leviatã, uma das serpentes mais populares do mundo da mitologia. Os mitos descrevem o Leviatã como uma serpente mortífera, com cerca de 300 milhas de comprimento, com escamas duplamente blindadas e tão apertadas que nem o ar poderia passar através delas. A caraterística do Leviatã é a sua capacidade de cuspir fogo, com olhos brilhantes e pele altamente vibrante.

As lendas contam que existiam dois Leviatãs, um macho e uma fêmea, mas que após a sua criação se corromperam, pelo que a fêmea teve de ser morta para se abster de procriar, o que poderá ter levado a cria a devorar o mundo inteiro. Além disso, as lendas afirmam que Javé descerá um dia à Terra e matará definitivamente a grande serpente.

#8. Boitata

A Lenda da Boitata faz parte da mitologia do povo Tupi do Brasil, onde se diz que o dragão cospe fogo e incinera aqueles que tentam prejudicar a floresta ou provocar um incêndio, e mais ameaçador ainda, que ele pode se disfarçar de árvore e matar qualquer lenhador que queira prejudicar a natureza.

A história por detrás da Boitata conta que, há muito tempo, houve um período de escuridão e inundações mundiais que mataram muitos animais. Uma anaconda esfomeada saiu da sua caverna à procura de comida e encontrou um par de olhos brilhantes que brilhavam no escuro, acabando por comê-la.

Depois de a anaconda ter comido os olhos, o seu corpo começou a brilhar e ela começou a sentir-se fraca. A serpente morreu com uma grande explosão de luz, dando origem ao sol e acabando com a escuridão para sempre.

No entanto, acredita-se que o espírito da anaconda ainda vive e assombra as selvas amazónicas. Há rumores de que se alguém vir acidentalmente os olhos da Boitata, isso pode levar o observador à loucura.

#9. Zmey

De acordo com a mitologia eslava, os Zmeys são antigos dragões de três cabeças, muito inteligentes e benevolentes. Dizia-se que tinham quatro patas, asas de morcego e que podiam cuspir fogo. Se as cabeças dos dragões não fossem cortadas, a sua capacidade de regeneração seria activada.

No entanto, há um problema com os Zmeys: eles eram conhecidos por serem notórios e luxuriosos para com os humanos. Muitos mitos contam-nos que os dragões se transformavam em jovens bonitos e que depois queriam atrair donzelas.

Se uma humana se apaixonasse pelo dragão, não acabava bem. Os Zmeys faziam as donzelas prisioneiras e tratavam-nas como escravas. Mas também havia matadores de dragões que caçavam estes dragões "míticos" e resgatavam as mulheres.

Veredicto

Para concluir, tem havido muita controvérsia sobre se os dragões são reais e se realmente andam pela Terra. Algumas pessoas acreditam que os dragões são reais e apresentaram argumentos muito bem fundamentados para o provar.

Afirmaram que é impossível que pessoas de diferentes regiões, completamente alheias à presença de outras, tenham imaginações semelhantes e construam histórias ao acaso. Além disso, mencionaram que a descrição dos dragões, tal como está escrita nos mitos de diferentes culturas, é muito semelhante e não pode de forma alguma ser inventada se não for visualizada.

Por outro lado, outra seita de pessoas afirma que as culturas que criaram os dragões míticos residiam nas mesmas regiões onde foram escavados muitos fósseis de dinossauros. Ainda hoje, não sabemos como eram os dinossauros, pois é difícil presumir apenas olhando para os esqueletos.

A controvérsia sobre os dragões míticos pode nunca ter fim, mas uma introspeção atenta sobre o tema deixa-nos com uma pergunta: os dragões eram reais? ou são mitos, tal como os contos de fadas? Só o tempo o dirá antes de desvendar novos mistérios!

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